
Uma vez li que, quando criança, trabalhando no seringal, queria ser freira e que venceu, na infância e na juventude, entre outras muitas dificuldades, um problema respiratório sério, malárias e uma grave hepatite.
Alfabetizada somente aos 16 anos, conseguiu formar-se em História pela Universidade Federal do Acre e começou a fazer, também, Economia. Foi professora na rede de ensino de segundo grau e engajou-se no movimento sindical em seu Estado. Companheira de luta de Chico Mendes, com ele fundou a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Acre.
Marina filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) em meados dos anos 80 e candidatou-se a deputada federal, porém não foi eleita. Em 1988, foi a vereadora mais votada de Rio Branco, conquistando a única vaga da esquerda na Câmara Municipal. Como parlamentar da capital do Acre, causou polêmica por combater os privilégios dos vereadores e devolver benefícios financeiros que os demais vereadores recebiam. Com isso passou a ter muitos adversários políticos, mas a admiração popular também cresceu.
Foi militante das Comunidades Eclesiais de Base, ligadas à Igreja Católica. Exerceu seu mandato de vereadora até 1990. Nesse ano candidatou-se a deputada estadual e obteve novamente a maior votação. Logo no primeiro ano do novo mandato, descobriu-se novamente doente: havia sido contaminada por metais pesados quando ainda trabalhava como seringueira.
A partir de 1994, eleita senadora, passou a ser um dos expoentes da política nacional, sem perder a simplicidade extrema, inclusive quando Ministra do Meio Ambiente do governo Lula, cargo que reforçou sua credibilidade e projeção internacional.
No final de fevereiro de 2010, assisti a uma entrevista com Marina na RedeTV: falou de sua fé cristã – hoje como membro da Assembleia de Deus –, de suas convicções, de seus gostos, de sua militância, das personalidades que a influenciaram, de seus projetos para o país, sem desmerecer os grandes avanços do governo Lula e até o alicerce econômico do governo FHC. É provável que seja candidata à Presidência.
Nunca antes na história deste país tivemos uma oportunidade tão boa de escolher nosso(a) grande líder sem o risco de optar apenas entre o messianismo, o populismo, a chata tecnocracia tucana, o continuísmo assistencialista chapa-branca – por sinal muito bem-sucedido – e um ou outro aventureiro ou chefe de quadrilha.
Marina, mesmo que não vença – até porque não venderá a alma para chegar ao poder – pode ser o grande nome da eleição. Tem o que dizer, não foge do debate, é tolerante e democrática. Para mim, é a representante mais digna da parcela (bem razoável, diga-se de passagem) do proletariado que chegou ao poder no Brasil, nas diversas esferas da vida pública. Esses "companheiros", via de regra, fizeram muito mais lambança que realizações para o povo.
Depois que meu partido do coração ficou muito amiguinho do PMDB barra-pesada e de outras excrescências partidárias, passou a defender com unhas e dentes figuras sinistras da vida nacional em troca da governabilidade e sujou a bandeira da ética com malas e cuecas de dinheiro, eu fiquei verde de raiva. A esperança, que vencera o medo, foi-se pelo vetusto ralo da corrupção. Hoje o brasileiro médio é, sim, bem menos pobre. Mas isso não é uma conquista que possa compensar o mal que o PT fez à cidadania, àqueles que (ainda) acreditamos não serem os políticos todos iguais.
Para terminar, o sorriso de Marina não me parece fabricado por Duda Mendonça.
(contém informações retiradas de postagem do site artigonal.com, autoria de Antônio Paiva Rodrigues)
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