Pesquisar neste blog

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

Tradução/Translation

terça-feira, 2 de março de 2010

Maria Osmarina

Sou suspeito porque só pelo nome já me derreto (acho que nunca escrevera essa palavra). Mas ela é, antes de ser Marina, Maria Osmarina, mulher de origem muito humilde, acreana, lutadora, simples e correta – nem os maus exemplos do Senado conseguiram corrompê-la.

Uma vez li que, quando criança, trabalhando no seringal, queria ser freira e que venceu, na infância e na juventude, entre outras muitas dificuldades, um problema respiratório sério, malárias e uma grave hepatite.

Alfabetizada somente aos 16 anos, conseguiu formar-se em História pela Universidade Federal do Acre e começou a fazer, também, Economia. Foi professora na rede de ensino de segundo grau e engajou-se no movimento sindical em seu Estado. Companheira de luta de Chico Mendes, com ele fundou a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Acre.

Marina filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) em meados dos anos 80 e candidatou-se a deputada federal, porém não foi eleita. Em 1988, foi a vereadora mais votada de Rio Branco, conquistando a única vaga da esquerda na Câmara Municipal. Como parlamentar da capital do Acre, causou polêmica por combater os privilégios dos vereadores e devolver benefícios financeiros que os demais vereadores recebiam. Com isso passou a ter muitos adversários políticos, mas a admiração popular também cresceu.

Foi militante das Comunidades Eclesiais de Base, ligadas à Igreja Católica. Exerceu seu mandato de vereadora até 1990. Nesse ano candidatou-se a deputada estadual e obteve novamente a maior votação. Logo no primeiro ano do novo mandato, descobriu-se novamente doente: havia sido contaminada por metais pesados quando ainda trabalhava como seringueira.

A partir de 1994, eleita senadora, passou a ser um dos expoentes da política nacional, sem perder a simplicidade extrema, inclusive quando Ministra do Meio Ambiente do governo Lula, cargo que reforçou sua credibilidade e projeção internacional.

No final de fevereiro de 2010, assisti a uma entrevista com Marina na RedeTV: falou de sua fé cristã – hoje como membro da Assembleia de Deus –, de suas convicções, de seus gostos, de sua militância, das personalidades que a influenciaram, de seus projetos para o país, sem desmerecer os grandes avanços do governo Lula e até o alicerce econômico do governo FHC. É provável que seja candidata à Presidência.

Nunca antes na história deste país tivemos uma oportunidade tão boa de escolher nosso(a) grande líder sem o risco de optar apenas entre o messianismo, o populismo, a chata tecnocracia tucana, o continuísmo assistencialista chapa-branca – por sinal muito bem-sucedido – e um ou outro aventureiro ou chefe de quadrilha.

Marina, mesmo que não vença – até porque não venderá a alma para chegar ao poder – pode ser o grande nome da eleição. Tem o que dizer, não foge do debate, é tolerante e democrática. Para mim, é a representante mais digna da parcela (bem razoável, diga-se de passagem) do proletariado que chegou ao poder no Brasil, nas diversas esferas da vida pública. Esses "companheiros", via de regra, fizeram muito mais lambança que realizações para o povo.

Depois que meu partido do coração ficou muito amiguinho do PMDB barra-pesada e de outras excrescências partidárias, passou a defender com unhas e dentes figuras sinistras da vida nacional em troca da governabilidade e sujou a bandeira da ética com malas e cuecas de dinheiro, eu fiquei verde de raiva. A esperança, que vencera o medo, foi-se pelo vetusto ralo da corrupção. Hoje o brasileiro médio é, sim, bem menos pobre. Mas isso não é uma conquista que possa compensar o mal que o PT fez à cidadania, àqueles que (ainda) acreditamos não serem os políticos todos iguais.

Para terminar, o sorriso de Marina não me parece fabricado por Duda Mendonça.

(contém informações retiradas de postagem do site artigonal.com, autoria de Antônio Paiva Rodrigues)

Nenhum comentário:

Postar um comentário