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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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sábado, 3 de abril de 2010

Tropeços, batatas e calangos


Este texto é de 2006, um dos anos em que tive o prazer de assinar uma coluna bem light sobre língua portuguesa, chamada Em paz com o vernáculo, no jornal da extinta AMOJUS - Associação Mineira dos Oficiais de Justiça Avaliadores.

Há palavras raramente pronunciadas da maneira correta: sobrancelha, em que insistem em colocar um M na primeira sílaba; geminadas (casas, por exemplo), em que sapecam um R no mesmo lugar; gratuito, que alguns desavisados falam gratuíto, com acento no I; impressão, que, quando não tem a ver com gráfica ou informática, também costuma trazer um N alienígena, substituindo um dos S e nasalizando o substantivo.

É isso. Exagerando um pouco, é como se uma vizinha distraída pusesse tudo a perder ao mesmo tempo: “Vou pinçar a sombrancelha com a moça da casa germinada do lado. Hoje o serviço é gratuíto, somente pra ela ficar conhecida, mas tenho a imprensão de que vai ficar bom”.

Entretanto, não somente a fictícia mulher da "sombrancelha" guerreia contra o vernáculo: existe muito advogado por aí falando mandato (com T) de segurança, que o réu foi absorvido (com R) e outros deslizes. Sim, deslizes, porque, afinal, ninguém é perfeito e (quase) tudo é perdoável. Os professores de português é que somos uns chatos. Deveríamos relevar as escorregadas no léxico, exceto o MENAS, que, dizem as más línguas, fazia parte do vocabulário do Lula dos bons tempos.

Também é inengolível (olhem que palavrinha legal acabo de inventar) a pérola de um causídico em peça vestibular de cuja existência esta coluna veio a saber por intermédio de um meirinho acima de qualquer suspeita: o cliente/autor estava sendo ameaçado pelo réu e xingado com palavras de baixo CALANGO. É mole? Palavras de baixo CALANGO! Como se houvesse as de alto calango, o que nem a combinação da biologia com o dicionário mais maluco permite supor.

Esse tropeço colossal é chamado de batata em Pitangui. Os cultos filhos daquele torrão e adjacências, ao ouvirmos a absurdidade acima, certamente perguntaríamos: “Tem base?”.

Não tem. (...) Abaixo batatas e calangos!

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