Escrevo para ficar por aqui, como diz Rubem Alves. Para ficar por aí, na blogosfera, nos corações ou no ostracismo. Escrever, assim como cantar, parece com não morrer, conforme a velha e boa música do cearense Ednardo.
Portanto, nada me resta senão preencher esta página, este monitor, estes bits com as palavras, essas pobres que já foram criadas e que ainda não me bastam.
Escrevo porque tenho uma chama a arder para além de mim, a cogitar de coisas de que não dou conta, a iluminar o escuro que às vezes me assalta.
Escrevo porque me falta. Falta-me entender os mistérios que sempre me humilharão. Falta-me exercitar mais o lado criador que a Divindade soprou em mim. Falta-me semear um átimo de beleza, ainda que tênue, em horas de imbecilidade. Falta-me, sobretudo, ser eu inteiro, juntar os cacos, tecer o fio dos fatos e lhes dar sentido.
Escrevo porque, às vezes ilha, quero me fundir ao mar, emendar no continente, sair mundo afora, tricotando letras, significados e afetos.
Escrevo porque já me escreveram no coração tantos beijos, tantos olhares, tantos sonhos, tantas expectativas frustradas, tanta censura, muito amor e muitos ais. É preciso, às vezes, acalentar o que é bom dessa memória longínqua e passar um antivírus no resto.
Escrevo, afinal, para que a prosa seja quase poesia, para que a vida seja quase romance, para que mágoas quase não haja, para que dúvidas quase não espantem e para que o encanto quase não tenha fim.
o instante existe.
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