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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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domingo, 15 de agosto de 2010

O primeiro som a gente nunca esquece


No final dos anos 70, esse som era um verdadeiro Fusquinha: em toda rua havia pelo menos uma meia dúzia. Ele ficou lá em casa alguns anos, até que as receitas (às vezes consorciadas) dos irmãos adolescentes - precoces trabalhadores - permitissem um 3 em 1, ou um de melhor pedigree, ou algo do gênero que tratasse melhor os nossos vinis.

Lembro-me que esse velho e aceitável Philips, pau pra toda obra, funcionou também como amplificador para meu primeiro FM, trazido pelo Tio Oscar da Zona Franca de Manaus em 1980. Um dos hits da época, na recém-inaugurada Inconfidência, a Brasileiríssima, era Toada, bela canção interpretada pelo Boca Livre:

"Vem, morena, ouvir comigo essa cantiga
Sair por essa vida aventureira
Tanta toada eu trago na viola
Pra ver você mais feliz..."

Anos antes dessa minha "conquista", Carlos Alberto, meu primo, vulgo Carô, já ostentava um Gradiente com imponência e potência pra fazer inveja em meu atual e pouco recomendável vizinho. Nada mau para uma casa que saía do jurássico toca-discos a pilha da Marê. Perto daquele novo som "primal", o meu se tornava tribal, um indefensável pé-de-boi.

Ednardo e outros nordestinos, mormente cearenses, mandavam e desmandavam na preferência musical deste apaixonado pela música. Quase todos os meses, eu comprava um LP (long play, para os não iniciados), que custava uma fábula para os padrões proletários: algo como 10% do salário mínimo.

Saibam os incorrigíveis jovens que, naquela época, havia máquinas de escrever, folha de carbono, mimeógrafo a álcool, carburador no carro e lamparina na roça, além de outras excentricidades capazes de, juntas, encher uma mesa de escritório sem a funcionalidade de um mísero pen drive de meio giga. Tempos remotos e divertidos, de TV com bumbum, com seletor de canais (!!!) e sem cor, nos quais, no entanto, a gente era feliz e não sabia.

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