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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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sábado, 11 de setembro de 2010

O Senado, o "amor no bom sentido" e outras pérolas





Uma de minhas excentricidades é gostar de discursos. Enquanto muitos bocejam, outras chacoalham o relógio, que parece parado, eu presto atenção. Adorei, por exemplo, o Lula falar que quer tirar o povo da m... Isso demonstra o poder de síntese presidencial, como nunca antes na história deste país. Tendo ele discursado no Nordeste, pode ser que não saiba a diferença entre caatinga e catinga.

Em outro discurso, entre as centenas que já apreciei na vida, ouvi um ministro, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, na era pré-CNJ, quase orgulhar-se de ser o Judiciário “o menos viciado dos poderes”. Legal! Então, se o sujeito tem um filho viciado em jogo, crack e cachaça, outro viciado somente em jogo e cachaça e um terceiro viciado somente em crack, ele é considerado “menos viciado” ou “viciado”? Essa dúvida pertence ao leitor.

Adoro, também, os discursos de Mão Santa no Senado. Faço parte das centenas de unidades de brasileiros fora de Brasília que assistem, eventualmente, à programação das emissoras oficiais. Eu e a Cris. Aliás, para mim, se não fossem Mão Santa e Arthur Virgílio, o Senado poderia fechar. São excelentes atores. Boa parte dos outros não têm nem esse talento e são políticos ou com pouco espírito público ou com muito rolo, para dizer o mínimo.

Por sinal, em agosto de 2009, presenciei, ao vivo e a cores, uma baixaria no plenário daquela casa legislativa, a poucos metros de Suas Excelências, que me fez questionar não apenas o Senado, mas a própria necessidade da criação de Brasília. A população de uma cidade normal, que não vivesse quase exclusivamente da política e da Administração Pública, não suportaria aquele caríssimo circo de horrores.

Voltando aos discursos, passei pelo Executivo, pelo Judiciário e pelo Legislativo. Volto àquele segundo poder, em cujos serviços auxiliares, aliás, trabalho. A maior peróla ouvi de um magistrado a se inflamar numa inauguração, defendendo a conciliação e o respeito entre homens e mulheres, sendo que estas, com muita frequência, são agredidas pelos parceiros. Afinal, a convivência familiar e social teria que ser de afeto. E isso não somente entre homens e mulheres, mas também entre homens e homens. “Amor no bom sentido”, disse a autoridade.

Isso já faz mais de um ano, e até hoje não consegui descobrir o que poderia ser o amor em outra acepção. Foi um discurso que ninguém entendeu e durou muito mais que o razoável. As pessoas aplaudiram, umas três ou quatro vezes, com veemência, somente para ver se acabava. E nada. Como diz a música cantada por John Paul Young: “o amor está no ar (...) em todo lugar que olho ao redor (...) não sei se estou sendo ridículo (....) não sei se me sinto sensato (...)”. Mas o amor está no ar. O teatro do Senado também. E ainda - por que não dizer? – a ideologia. Tudo no bom sentido.

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