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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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domingo, 21 de agosto de 2011

O que vai chegar



O livro deve ser o filho que não tive. A confissão que não fiz. A lembrança promovida à perenidade.

O livro deve ser um sonho, com o qual muitas vezes somos injustos, não nos recordando de várias partes boas.
O livro deve ser resultado de uma briga dentro de mim: sou poeta, sou autor de crônicas com pretensões reflexivas, ando tecendo memórias ou minha praia é o humor?
O certo é que, no livro ainda nem aberto, serei outro, síntese, mistura, extrapolação, semente, artista pela primeira vez a se mostrar inteiro – ou menos quebrado.
O livro deve dizer dos amores, dos sabores, dos valores, das estranhezas, das perplexidades da vida e dos ossos do ofício. Nisso tudo, a mais óbvia, a mais contraditória e a mais genialmente definida sina do homem: “a dor e a delícia de ser o que é”.

O livro é fruto: muito trabalho, daquele tipo mais valioso, que parece nada valer. É produto inacabado. Mesmo depois de pronto, o será.
O livro que espero, pelo qual me esmero, faz-me lembrar uma canção de Toquinho: “Voa coração, que ele não deve demorar...”. É como se agora eu o estivesse tocando.

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