Pesquisar neste blog

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

Tradução/Translation

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Rowena

Someone who watch over me (*)

"There's a saying old says that love is blind

Still we're often told 'seek and ye shall find'
So I'm going to seek a certain lad I've had in mind

Looking everywhere haven't found him yet
He's the big affair I cannot forget
Only man I ever think of with regret

I'd like to add his initial to my monogram
Tell me where is the shepperd for this lost lamb?

There's a somebody I'm longing to see
I hope that he turns out to be
Someone who'll watch over me

I'm a little lamb who's lost in the wood
I know I could always be good
To one who'll watch over me

Although he may not be the man some girls think of as handsome
To my heart he carries the key


Won't you tell him please to put on some speed
Follow my lead,
oh how I need
Someone to watch over me"

(George Gershwin / Ira Gershwin)

(*) música cantada em Mr. Holland/Adorável professor por Jean Louisa Kelly (foto acima) – filme de 1995 (EUA), dirigido por Stephen Herek Stephen Herek Stephen Herek


Apesar de muito nova, sabia das coisas da política, adorava História e detestava imposições.

Um dia procurou-se dizendo-se sem grana para ir a um show. A solução seria me vender um CD duplo por quinze reais. Aceitei a proposta, por ser o disco bom e pelo fato de que teria uma recordação da aluna que não tive.

Não era perfeita: já flagrei a aluna que não tive, ainda bem novinha, fumando. Além disso, confessou sua simpatia pelo Atlético Mineiro. Essas duas fraquezas, sabidamente, se não abandonadas cedo, abreviam a existência.

Conheci-a na idade em que as meninas são lindas e a maior parte dos meninos são bobos. Seres superiores, as mulheres adolescentes já são quase adultas, têm projetos de vida, sensibilidade, muitas vezes algum juízo.

Os machos pós-infância, ao contrário, julgam ser excessivamente homens no que tange à sexualidade recém-aflorada e em ebulição. Salvo honrosas exceções, seus papos são furados, superficiais, consumistas, pueris.

Por essas e outras, há vantagens em eu ter duas filhas, “meninas-muié”, como se diz em Pitangui, que espero adolesçam com dignidade.

Por elas e, principalmente, pela mulher que as trouxe ao mundo, eu não entraria no ônibus com minha Rowena. Ajo à semelhança do professor que acompanhou, ao piano, a bela e antiga canção acima numa cena de Mr. Holland.

No entanto, sem que essa Rowena brasileira saiba, são dela estas linhas poucas. Falta-me o brilhantismo daquele mestre das telas, que homenageou musicalmente sua quase-paixão, mas não me falta – neste caso que não houve – sua igualmente admirável integridade.

(2005)

Nenhum comentário:

Postar um comentário