Meus próximos passos na área acadêmica são estudar mais a fundo alguma coisa na seara das Ciências Biológicas e me imiscuir também no terreno das Exatas. Com uma pós em Biologia Marinha e um começo de graduação em Estatística eu talvez complete meu ciclo de graduado em Conhecimentos Gerais.
Isso não é lá muito hígido do ponto de vista mental, mas também não é pra qualquer um: um segundo grau de especialista em Eletrônica, um começo de graduação em Geografia, Economia e Direito, uma graduação em Letras e uma pós em Administração/Gestão Estratégica. Viva a diversidade!
Se existe alguma coisa chata nesse mundo é intelectual. Mais chato ainda é o sujeito culto que só entende de uma coisa. Por exemplo, um filósofo que entra numa discussão acerca da tolerância do brasileiro com a corrupção com argumentos do seu campo de conhecimento é muito legal, mas uma aula seca sobre Descartes ninguém merece. Assim como ninguém merece um economista explicando, com detalhes, o paradoxo da parcimônia.
É por essas e outras que eu me especializei em generalidades: sei que a capital da Islândia é Reykjavik; sei que o símbolo do colégio Pitágoras é uma demonstração gráfica do teorema de mesmo nome; sei que a fórmula da energia cinética é a metade da multiplicação da massa pela velocidade ao quadrado; sei alguma coisa superficial sobre o princípio da instrumentalidade do processo nas Ciências Jurídicas; sei que a Alemanha tem o terceiro PIB do planeta; sei que o trema foi expulso da língua portuguesa (infelizmente); sei que DNA significa áxido desoxirribonucleico. Só nesse último caso, o da Biologia, é que recorri ao Google para ver se a grafia estava correta. E estava.
Estou consciente de que isso não vale nada, continuo sendo apenas um patureba esclarecido. Mas é muito melhor ter conhecimentos inúteis em vários ramos do saber do que em um só. O sujeito, por exemplo, que decorou todas as capitais dos países do mundo depois que começaram a surgir as sérvias e eritreias da vida – de uns 20 anos pra cá –, além de ser certamente um chato, é um candidato ao hospício.
Por falar em hospício (e sem que eu tenha nada a ver com o assunto), tomei conhecimento, há muitos anos, de uma frase de profunda sabedoria que teria vencido um concurso filosófico numa dessas instituições:
A vida nada mais é senão aquela cuja nós vivemos a qual.
Pensando bem, um sujeito normal não seria capaz de produzir essa pérola. Assim como um sujeito normal não consegue gostar de absolutamente tudo. Química, por exemplo, eu detesto, embora ainda me lembre de que o Hélio é um gás nobre, o que nunca me valeu também absolutamente nada.
Para finalizar, registro que, se arranjar dois ou três sócios, quero organizar o I Simpósio Internacional de Conhecimentos Gerais, Cultura Inútil e Assuntos Aleatórios, em São Tomé das Letras, Minas Gerais. Um ex-ministro da Cultura seria convidado para viajar sobre "A essência da baianidade na busca do ser quântico e telúrico enquanto um devir cósmico". A escolha do polêmico local é para o caso de algum conferencista ser desinteressante, à semelhança deste escritor sem assunto: há algumas belas cachoeiras no entorno da cidade e – dizem os iniciados – até visitas de disco voador. Ufo! Ou melhor: ufa! Já escrevi demais...
(P.S.: devo confessar que, além de Química, também não gosto de Alemão. Leider.)
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