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Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Luxemburgo não merece uma crônica

Luxemburgo não merece uma crônica. Mas o Atlético Mineiro sim. Apesar de ter simpatia pelo grande rival do alvinegro e muitas vezes querer (com essa maldade inexplicável de torcedor) que o Glorioso perca, admiro a instituição Atlético, a torcida e os amigos que sofrem da mesma doença que eu: dar uma atenção exagerada a onze homens em geral desinteressantes e que só sabem chutar uma bola – nem sempre para o lugar certo.

Vou confessar logo depois da introdução: meu grande sonho profissional, além da escrita, é ser executivo do Galo. Sonho impossível. Delírio. Esse grande clube do futebol brasileiro e a Argentina são duas das “coisas” cujo relativo fracasso histórico não consigo entender. Tinham absolutamente tudo para dar certo. Gostaria de ajudar a pôr ordem no galinheiro. O Clube Atlético Mineiro não tem o direito de chegar atrás do Avaí na classificação. E o time de Vanderlei foi ainda pior.

Mas a solução, imaginam os pródigos do dinheiro alheio, é um "grande" treinador, um técnico de grife, um sujeito que a cada palavrão proferido parece ganhar uns dez reais, o que soma algumas centenas de milhares por mês.

Pra começo de contrato, parece que o Paulo Coelho dos gramados já vem com uma meia dúzia de assessores, assistentes e auxiliares – e cada qual deles deve ser pago, também, a peso de ouro. Os humildes funcionários do Clube Atlético Mineiro vão continuar se contentando com seus seiscentos, setecentos reais por mês, enquanto a tal Comissão Técnica deve custar MIL VEZES isso? Não seria melhor um contrato de risco com alguém menos marqueteiro e mais humilde? Exemplo: cinquenta mil por mês; se ganhar o Campeonato Mineiro, passa para setenta mil; enquanto mantiver o Galo entre os quatro melhores do Brasileirão, ganha cem mil por mês etc. Por que não Marcelo Oliveira ou Humberto Ramos? Ou alguém à semelhança do mineiro Andrade, que superou, brilhantemente, os muricis da vida. Se não colocarem na mão de Luxa os melhores jogadores do Brasil, como em 2003, no Cruzeiro, ou em 2004, no Santos, ele não vai fazer nada muito diferente do Santos/2009. E, se colocarem, podem tirá-lo e chamar o neófito Dunga que a coisa deslancha.

Salvo engano, afora a venda eventual de algum grande jogador, o Atlético deve ter uma receita não muito distante de uns vinte ou vinte e cinco milhões de reais por ano. E uma dívida acima da camada de ozônio. Será razoável consumir cerca de 30% disso com Luxa e seus luxentos de fora das quatro linhas? Vão relançar o carnê ou a contribuição na conta da Cemig pra bancar essa extravagância? Me inclui fora! E, se algum amigo estiver pensando em financiar a aventura de Alexandre, o Grande, lembro-lhes que existe Santa Casa, Hospital Mário Pena, Unicef e outras causas nobres.

Desculpem-me os – poucos e fiéis – leitores pelo fato de eu sair da agradável órbita da literatura para arriscar-me nesse terreno arenoso e chato da crônica esportiva. Afinal, Luxemburgo não merece uma crônica. E ninguém merece (pagar por) Luxemburgo.

(Obs. 1: apesar de meu coração estrelado e apesar de Kalil, com toda a sinceridade: viva o Galo!)

(Obs. 2: o rio de dinheiro que Luxemburgo vai ganhar do Atlético é honesto; o que talvez não seja tão correto é fazer isso com o clube.)

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