Pesquisar neste blog

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

Tradução/Translation

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

No apagar de 2009

Que posso querer mais? Neste ano fiz amigos, fiz um blog, trabalhei, amei, errei, vi minhas filhas começar a adolescer após uma bela infância. Senti a minha dor e a do mundo, sofri, virei (definitivamente) escritor.

Só posso querer menos: menos peso – em todos os sentidos –, menos desejos, menos calvície – como é que a medicina não evolui nesse particular?

Quanto às promessas de ano novo, comprometo-me apenas com duas: primeiramente, com o conselho de Nietzsche: “Torna-te quem tu és”. Isso é bastante difícil. E, em segundo e mais importante lugar, com a instrução de Jesus Cristo: “Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, que sou manso e humilde de coração”.

Decido: vou buscá-lo mais. Sem filtrar suas palavras por alguma religião institucionalizada. E procurarei também os raríssimos que tentam imitá-lo, sendo mansos e humildes. Se der tempo, ainda tentarei conhecer melhor os que se esforçam por se aprofundar naquilo que começaram a ser.

Não vou ter medo de errar, mas fugirei dos erros que me tornem menos humano e menos aprendiz. Erros, somente os pedagógicos! Tentarei gostar mais de mim, ouvindo, mais que nos anos anteriores, The greatest love of all, na voz de Whitney Houston.

Comprei um Sunny days e talvez comece a beliscá-lo (e os congêneres) um pouco acima de meus 20 a 22 ml de média diária. Tenho a mais completa aversão pela embriaguês. É um dos erros que nos tornam menos humanos. Mas 20 ml de média é muito pouco – e vinhos, frisantes e correlatos acima de dez reais a garrafa costumam ser bons.

Quero cantar mais: meu novo chuveiro tem dois anos de garantia. Assisti na TV, num desses últimos dias de 2009, a um maravilhoso show dos Blind Boys of Alabama – os velhos e inspiradores senhores da black-gospel music foram novidade pra mim. Assisti a uma viagem musical de Sting por Newcastle, sua terra natal: verdadeiros concertos para a gravação do CD/DVD If on a winter’s night. E nem precisaria ser América do Norte ou Europa. Aqui no Brasil tem do bom e do melhor, não é, Marisa Monte?

Que posso querer mais? Talvez uma viajenzinha a Portugal, mas somente se servir para eu me tornar mais quem sou, para eu ser manso e humilde, diante de tanto mar, de tanta história, de tanta poesia. Termino, sem nada mais querer a não ser livros, com Fernando Pessoa:

“Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário