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Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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sábado, 23 de janeiro de 2010

Natália, Clareana, vestibular e a nova engenharia









Vestibular em universidade pública carece de revisão: cursos superiores, em geral de bom nível, são mantidos a peso de ouro por toda a sociedade e entregues de graça, em grande parte, a quem poderia pagar. Tem mais: a grande maioria dos mestres e doutores – especializados em coisas por demais específicas e algumas vezes perto da superfluidade – não passaria, hoje, nessa cruel maratona de proficiência em generalidades.

Tenho uma solução, embora, alardeando-a, sujeite-me a apedrejamento na Praça da Savassi: todas as vagas em instituições estatais de nível superior seriam sorteadas entre alunos de escolas públicas com nota mínima no Enem. Quem quiser essa manha venha conviver com a plebe e ajudar a resgatar o ensino oferecido aos mais pobres.

No entanto, enquanto meu sonho não vem, todos lutam e vencem, com méritos, conforme as regras atuais. E o que é melhor: a indústria maluca do vestibular não consegue, apesar de seu elitismo, aniquilar os talentos de famílias mais humildes. Eis, a comprovar a tese, Natália Aparecida Fontana, 1º lugar geral da UFMG 2010 (*), ex-aluna de escola pública em Caeté (MG) e recordista de pontos do processo seletivo da Universidade. Com Natália na ponta e predominando as mulheres na lista da UFMG, fica provado, também, que o sexo "frágil" é melhor em (quase) tudo.

Enquanto a brilhante campeã (acima, em foto retirada do portal UAI), conhecida pelo destaque na mídia, vai cursar Biomedicina, fará Engenharia de Produção a inédita Clareana. Gostei desse nome – também de uma música de Joyce – que colocaria, sem pestanejar, em minha improvável terceira filha. Em vez de Ana Clara, também bonito, Clareana.

Por falar em nome diferente, vou confessar: surpreenderam-me vários cursos superiores desconhecidos por este cronista metido a besta: Aquacultura, Ciência do Estado e da Governança Social, Ciências Socioambientais, Cinema de Animação e Artes Digitais, Controladoria e Finanças, Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, Gestão de Serviços de Saúde, Museologia, Relações Econômicas Internacionais e Tecnologia em Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

Como se pode ver pelas novas ciências, o mundo pós-moderno de Natália é outro. Apenas os construtores do vestibular ainda não se deram conta. Todo mundo continua tendo que calcular as raízes da equação de segundo grau e decorar aquela famigerada fórmula: menos b mais ou menos raiz quadrada de b ao quadrado menos quatro vezes o produto a x c, tudo isso dividido por duas vezes a. Tenho absoluta certeza de que 99% da humanidade nunca precisou utilizar essa encrenca, a não ser na escola.

Mas... lei it be. Aparecerão Ciências Internéticas, Blogologia, Tecnologia para Sobrevida na Quarta Idade, Turismo Virtual e Engenharia da Coçação de Saco. Isso porque, muito em breve, teremos muito mais tempo livre que preso. E haverá, pelo menos, um ramo de atividade de prestígio em que os homens reinarão soberanos.

(*) aproveito para mandar os parabéns para Natália, Clareana, Caio Morato (Engenharia Mecânica) e Rodrigo Sousa (Direito). Mais sucesso, garotos!

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