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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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domingo, 28 de março de 2010

O livro e o texto flex

Há cerca de três ou quatro anos, me deu uma vontade maior de escrever um livro (iria grafar “deu-me”, para delírio dos puristas, mas não dá). Maior porque ela já me atacara, mas eu consegui me desvencilhar com mais facilidade.

Nas primeiras semanas seguintes à nova frebre, surgiram uma meia dúzia de textos. Depois escassearam. Juntados aos que vieram à tona mais recentemente e aos que já havia, como A carta de Renata (um de meus favoritos), talvez somem umas poucas dezenas. Isso já me faz pensar de novo, com avidez, na publicação.

No entanto, este blog é um livro melhorado, embora de livro mesmo tenha pouco. Uma das muitas diferenças é que, na internet, exponho mais fraquezas, perplexidades, paixões, gostos e desgostos. Ilustrados, o que os deixa menos irrelevantes.

Assim, talvez eu entre para a Academia Padrefelipina de Letras Virtuais, que acabo de fundar eu mesmo, um dos mais destacados escritores de blog de minha rua. Depois desse feito memorável, posso selecionar os menos piores escritos deste espaço, adicionar alguns inéditos e fazer as letras, finalmente, descansarem em paz nas folhas, depois de um tempão aí – ou aqui, sei lá – no cyberespaço.

O livro, por certo, tem seu charme. Primeiro porque alguns consideram publicação somente o que se imprime em gráfica, em cima do papel, que já foi árvore, para desespero dos ambientalistas. Em segundo lugar, livro costuma ter cerimônia de lançamento, com dedicatória, autógrafo e tudo, ao contrário da criação de um blog, de que ninguém fica sabendo nos primeiros dias. Às vezes nem nos seguintes. Em terceiro lugar, porque é vendido, o que pode levar a crer que tenha algum valor. Na verdade, porém, mesmo que seja bom, como os carros da Renault, um livro, depois de alguns quilômetros rodados, não vale muita coisa.

Assim, para delírio de minhas unidades de leitores, não descarto a ideia da publicação, talvez para este ano de 2010, mas já modelo 2011, já que falamos de automóveis.

Minha dúvida atroz é se devo fazer uma obra séria ou de brincadeira. Tenho uma preferência indisfarçável pelos textos densos, reflexivos, poéticos. Mas muito menos dificuldade para escrever os de escracho, de humor, leves.

Por falar em leves, não é à toa que este sítio se chama 6arroba. Quero chegar (ou melhor, voltar) aos 90 quilinhos antes de lançar o livro. E não me venham com essa de plural, de concordância, pois quem fala arroba (medida de massa equilavente a 15 kg), sobretudo em Pitangui, não coloca o S no fim.

E, por falar em fim, chego ao cabo dessas mal-traçadas com um texto que não é nem sério nem de humor. Um texto flex, tecnologia que, na literatura, ainda não disse a que veio e, se for objeto da defenestratação dos críticos, já vai tarde. Nem eu mesmo gostei.

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