
Um meio-feriado, um frio meio preguiçoso, eu me acostumando ao apartamento parecido em que me instalei do outro lado do prédio. Mais alto, porém. Subi na vida.
Começa uma dessas noites em que o melhor programa é fazer nada. E nada fazer bem devagar, para que a noite dure muito. Melhor nem dormir, aproveitar mais.
Escrevo. Depois de um recesso de letras, enquanto se ajeitavam as tralhas e o coração, reencontro-me comigo, sentindo de novo a dor e a delícia caetânica de ser o que sou.
Nem sempre gosto de mim. Sou, em algumas coisas, perfeito demais, se é que isso existe. E, em outras, uma overdose de imperfeição, no limiar do patológico. Arrisco-me a coar o mosquito e engolir o camelo, fazendo exatamente o que meu Mestre censurava.
Aqui, onde às vezes me escondo da cidade sob a janela em que agora se arquitetam encontros e se sofrem despedidas, sonho em cruzar o oceano, pousar na terra de minhas origens e terminar o livro já meio sem destino.
Escrevo. Doido pra ler Cecília Meireles, pra recitar Florbela Espanca, pra me embriagar de Fernando Pessoa, pra remover a pedra no caminho minha e de Drummond. E termino rápido, pois a noite já começa e me prometi o ócio. E nele (ou nela) me encharco, ao som de Ivan Lins, na voz de Paula Santoro. É daí pra cima. All night long.
Boa noite.
ResponderExcluirJefhcardoso do
http://jefhcardoso.blogspot.com