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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pompeia

Ao contrário da cidade-ruína italiana e da Itabira de Drummond, minha Pompeia não é apenas um retrato na parede: foi o lugar em que cresci, adolesci, aspirei o ar de damas-da-noite, assisti a Meu pé de laranja lima, vendi picolé, fui cúmplice dos quintais, vibrei com as chegadas de Raquel e de Ana Paula, colecionei figurinhas, joguei futebol de botão e de rua, cultivei amores platônicos e hoje transito com amores de verdade.

Em cada vizinho se via um amigo; e a singeleza dos que foram criados na poeira não se foi com ela: os ares remanescem os de minha juventude, embora há poucos anos a entrada do bairro já tenha sido modernizada até com sinal de trânsito (!!!). Os bancos, porém, a não ser os das praças, ainda não chegaram por lá.

O século XXI, felizmente, só é denunciado pelo calendário. Talvez tenha sido esse o fato curioso a mover (consciente ou inconscientemente) Andréa a perscrutar por que lá o tempo não tem a menor pressa e os corações ainda se abrem para afagos, sorrisos, abraços, confidências e conversas de beira de portão.

Andréa, em seu livro, discerne também cientificamente o que muitos (inclusive eu) somente conseguem perceber com a emoção. Seu trabalho transporta esse sítio dos escaninhos de nossa alma para a academia, pela qual muitos dos filhos do bairro Pompeia – e especialmente da Rua Sílvio Romero – passaram sem perder a simplicidade que, espero, sempre nos caracterize. (Pedro Jorge Fonseca)

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O livro POMPEIA DE BELO HORIZONTE: o espelho de um cosmo provinciano ou de uma província cosmopolita?, da socióloga Andréa Matos, é fruto de sua dissertação de mestrado em Ciências Sociais na PUC Minas e traz uma análise sobre o ‘provincianismo’ de Belo Horizonte. Por meio do estudo de caso feito em dois bairros da capital – Pompeia e Esplanada –, a autora aponta características presentes no modo de vida vigente nesses bairros, que explica em alguma medida a percepção coletiva de que a metrópole de Belo Horizonte seja uma cidade provinciana. O livro foi publicado pela Mazza Edições – 3481.0591.


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