Sou, contraditoriamente, também um urbanóide enxertado nesta cidade que deveria ter parado de receber gente antes de eu chegar. Às vezes, parece-me ser a vida quase impossível sem um controle controle remoto, sem um ponto com, sem um shopping, sem um caixa eletrônico, sem mandar um beijo ou um abraço por e-mail.
Recorro a um poeta de oitenta primaveras, Ferreira Gullar, se interessar a alguém uma digressão sobre minha esquisitice:
“Uma parte de mim é todo mundo,
Outra parte é ninguém, fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão,
Outra parte, estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera,
Outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta,
Outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente,
Outra parte, se sabe, de repente.
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem...”.
Outra parte é ninguém, fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão,
Outra parte, estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera,
Outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta,
Outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente,
Outra parte, se sabe, de repente.
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem...”.
Last but not least, sou um seguidor daquele que veio trazer-nos um Reino do outro mundo. Ultimamente, no entanto, estou me flagrando tão apegado a este, cultivando ideias que nunca tivera - como, por exemplo, tornar-me mais rico - e paixões antes adormecidas.
Neste setembro, o mês mais bonito, antes de fundir de vez o metropolitano ao camponês e uma parte à outra desta minha dicotomia, preciso fazer as pazes comigo. Mesmo não podendo ser, aqui, significativamente melhor, há um lugar muito superior a este. Já embarquei, sem malas e com muitas turbulências, numa aeronave que nunca desce e deve, minimamente, me isolar do deixado pra trás.
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