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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Microtratado sobre o aforismo

Aforismo, como o próprio nome diz, é uma palavra que tem ser olhada no dicionário. Significa, segundo o Aurélio, “sentença moral breve e conceituosa”. Gostei do “conceituosa”! É o mesmo caso, mutatis mutandis, daquela peça teatral “Sou pequena mas não sou pedaço: o máximo de mulher no mínimo de espaço”. Parece Cecília Belo.

Um dos sinônimos de “aforismo” é “máxima”. Estranho, porque o xis da questão é sintetizar muita coisa com o mínimo de blá-blá-blá. Gilberto Gil, por exemplo, nunca falaria ou escreveria um aforismo.

Outro significado do vocábulo é apotegma. Piora só um pouquinho a situação. No entanto, só para parecer douto, vou fazer aqui uma lista de apotegmas da mais alta supimpitude. Em breve levar-me-ão a disputar o Prêmio Nobel da Maionese:

1) A vida é breve, entretanto dura uma vida inteira.
2) Dinheiro traz felicidade, mas o pessoal do telemarketing descobre.
3) Nunca confie numa pessoa assaz confiante.
4) Depois de perder o bom nome, só resta negociar a dívida.

5) Se precisar de um confidente, converse com o Lula: ele nunca sabe de nada.
6) Na vida tudo passa rápido, menos o Rubinho Barrichello.
7) Seja paciente. Médico sempre atrasa pra caramba.

Não quero, de maneira nenhuma, concorrer com Millôr, um dos maiores aforistas dos trópicos. É dele aquela interessantíssima frase: “Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem!”.

Já que este texto analisa, quase à exaustão, o vocábulo a lhe servir de tema, talvez seja bom tocar no antônimo de aforismo, o desaforismo, especialidade de adolescentes chatos, chefes estressados e pais sem-educação (desculpem-me pela tripla redundância). O desaforismo, se existisse, seria definido pelo Aurélio como “ofensa oral breve e sem-vergonhosa”.

Para não me delongar, pouparei os leitores da lista de desaforismos top 10 do blog. Coloquei essa expressão alienígena pois um especialista me disse que os internautas adoram procurar no Google pela expressão top 10. Se você quer visibilidade, não precisa ficar quebrando a cabeça com aforismos, desaforismos e outras doses cavalares de falta de assunto. Não precisa saber escrever nem fazer revisão. Lasca logo o top 10. O negócio vai pras cabeças nos buscadores.

Termino com um aforismo maluco, que, afora todos os outros, é o melhor jamais encontrado. Ouvi
há muitíssimo tempo, numa piada sobre bêbado, de Marco Antônio Costa, filho da D. Maria Imaculada e do Sr. José Barbosa, vizinhos queridos: "As sete maravilhas do mundo são três: a mulher e a cachaça". Uma pérola dessa só poderia ter sido produzida na Rua Sílvio Romero, Bairro Pompeia, Belo Horizonte, onde a gente era pobre mas se divertia muito. E não tinha a menor "loção" desse tal de apotegma.

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