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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Minha contribuição à lulocracia



Desde o escândalo do mensalão, ficou claro que não mais existe, na política partidária brasileira, a luta do bem contra o mal. Na verdade, agora, a cada eleição rivalizam o mal e o mal menor, pois a democracia tupiniquim é absurdamente malandra e cara, sustentando, entre outras estruturas faraônicas, um dispensável Senado, a R$ 3 bilhões por ano.

No entanto, a democracia (não o Senado) é um mal necessário. Importa, sem romantismo e com pouca ideologia, escolher quem possa fazer o maior bem coletivo com o menor custo de impostos e roubalheiras. Uma equação simples de custo x benefício, que coloca PSDB e PT absolutamente no mesmo saco e me permite, teoricamente e sem maiores ponderações, até votar em um para uma esfera de governo e em outro para outra.


Para os de memória curta, lembro que o Partido dos Trabalhadores urdia nos bastidores uma das maiores maracutais da história da República. Foi desmascarado, em 2005, por um nada inocente Roberto Jefferson. Este, talvez tentando puxar mais brasa para a sua sardinha, acabou chutando o balde e a santa fisionomia com a qual o PT se apresentava à nação.

Lula supostamente não sabia de nada, jogou o amigo Zé Dirceu às feras da CPI, onde se ouviu de Jefferson, entre outras pérolas, numa acareação com o então ministro-chefe da Casa Civil: “Vossa Excelência desperta em mim os instintos mais primitivos”.

Mesmo chafurdado na compra de base parlamentar e no naipe de seus apoiadores de plantão – Renan Calheiros, Fernando Collor, Newton Cardoso, José Sarney, entre outros –, o PT navega de braçada na popularidade de Lula. Esta, por sinal, construída basicamente sobre quatro alicerces, a saber: a
ortodoxia monetária, herdada do PSDB; o crédito farto e caro, que faz do sistema financeiro o principal beneficiário de um governo teoricamente popular; o agigantamento do Estado, com carga tributária de países nórdicos, que permitiu um grande aumento do salário mínimo, a retomada de investimentos públicos, mimos aos servidores/funcionários públicos e um assistencialismo sem precedentes; e um cenário internacional de relativa bonança, exceto em 2009.

Conquanto a vida material tenha melhorado muito, sobretudo para as classes D e C, com o encolhimento da E, o Partido dos Trabalhadores fez um estrago terrível: a cidadania agora pode acreditar, sem contra-argumentação razoável: todos os políticos são iguais.

A rigor, não tão iguais, já que se relegaram quadros de estatura ética superior da esquerda nacional ao papel de coadjuvantes, como no caso Patrus Ananias, reles avalista, em Minas Gerais, do enrolado, oportunista e fisiológico PMDB. Isso em nome do projeto nacional de perpetuação no poder de uma liderança a apostar num poste para continuar por cima.

O que vai dar esse lulismo que Dilma hora para outra pode se mostrar menos “paz e amor” e mais Fidel a seus princípios – ou à sua falta de princípios – é uma grande incógnita. Viramos uma espécie de Estados Unidos dos Trópicos, em que tende a haver apenas dois grandes partidos: um de centro, que pode voltar a ser de esquerda, mandando Davos às favas; e um de centro-direita, obrigado a travestir-se de “camarada” com os mais pobres para voltar ao poder. Como se vê, não há motivos para esperança.

P.S.: Muito triste com a polarização, na esfera nacional, entre duas candidaturas que reputo sem graça, continuístas e de aliados bastante sinistros, pela primeira vez não assisto aos programas políticos na TV. E defendo a tese de que, numa eleição majoritária, o verdadeiramente democrático seria votar em quem a gente quer e votar negativamente em quem a gente não quer. Isso é, de fato, escolher e teria nos poupado tanto de Collor quanto de Lula em 1989/2000.

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