Quase tudo. Pensando bem, existe uma outra expressão indefensável, a tal do “não é por nada não”, sempre seguida de “mas”, com que se introduzem observações aparentemente despretensiosas, porém são por alguma coisa, sim: implicância, falta de assunto, senso de observação aguçado, conselho bem-intencionado, ciúme, inveja, vocação para sensor etc. – principalmente o etc.
Já começamos desperdiçando dois “não”. Se fosse o caso de falar mesmo a infeliz construção, dir-se-ia “é por nada”, mesmo a gente sabendo que não é.
Exemplos da absurdidade do emprego do “não é por nada não”:
– Não é por nada não, mas o filho daquele sujeito se parece com o (do) vizinho.
– Não é por nada não, mas sua braguilha está aberta.
– Não é por nada não, mas desse jeito você não consegue tirar carteira.
– Não é por nada não, mas você está gastando dinheiro demais.
– Não é por nada não, mas com essa velocidade de lesma você não chega lá hoje.
Por que não substituir a expressão por algo que faça sentido? Vejamos:
– Coincidência ou não, o filho daquele sujeito se parece com o (do) vizinho.
– Alerto-o para o fato de que sua braguilha está aberta.
– Seja mais determinado e dedique-se mais às aulas, senão você não consegue tirar carteira.
– Engavete uns dois ou três desses seus cartões de crédito, pois você está gastando dinheiro demais.
– Acelere um pouco mais, já que com essa velocidade de lesma você não chega lá hoje.
Abaixo o “não é por nada não”! Vou fundar a Associação de Combate ao Não é Por Nada Não – ACNE-PORNADA. Não é por nada não, mas talvez seja mais útil que o Senado Federal.
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