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Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Avião para todos


Pode ser que eu esteja enganado, mas acho que a Itapemirim, a São Geraldo, a Gontijo, a Cometa etc. estão com os dias contados. Passagem aérea atualmente, comprando com boa antecedência, é quase sempre mais barata que de ônibus para os destinos distantes. Destinos distantes, de acordo com os padrões deste blog, são aqueles que superam os mil quilômetros de lonjura. Se se considera o deslocamento terrestre ou celeste é uma coisa ainda em estudo.

O certo é que, por um salário mínimo, ou até menos, já se compra um bilhete de ida e volta, por exemplo, de Belo Horizonte para a minha querida Fortaleza. Até por metade disso, conforme a sorte, pode-se ir e voltar a/de Porto Alegre, Campo Grande, Navegantes, Salvador ou Foz do Iguaçu – todas cidades afastadas com força dos limites de Minas Gerais.

Mas nem tudo são flores. Se a pobraiada dispensamos o busão e chegamos ao céu, está sendo com bastante penitência: aviões de assentos muito apertados (conseguem socar até 148 num 737-300), serviço de bordo pago à parte e cobrança até para marcar a poltrona. Tiraram inclusive o bonezinho da aeromoça pra economizar.

Se continuar assim, podem começar a cobrar, além do lanche, por outras coisas a bordo. Já fico imaginando o sujeito recebendo a tabelinha ao entrar na aeronave:

- coca-cola – quente: R$ 1,00; gelada: R$ 4,00;

- cerveja – quente: cortesia; gelada: R$ 5,00;

- batata Ruffles: R$ 4,50;

- pão com salame: R$ 3,00;

- amendoim (saquinho com 50 unidades): R$ 3,50;

- chocolate Batom: R$ 1,00;

- barra de cereal: R$ 2,20;

- espirro ou tosse: R$ 3,00 o(a) primeiro(a) e R$ 2,00 a partir do(a) segundo(a);

- banheiro número 1: R$ 1,50; número 2: R$ 4,00; outros números, incluindo Juca e ventuosidades: a combinar;

- abridinha de janelinha: R$ 0,25 por minuto ou R$ 20,00 por todo o tempo do voo;

- informações a bordo prestadas por aeromoças ou comissários (todas as espécies possíveis e imagináveis e independentemente da resposta, incluindo “vai demorar?”; “que horas são?”; “vai continuar balançando assim?”; “posso conhecer a cabine?”, “você não tem nem um tiquinho de medo?” ou “esse avião já foi da Vasp?”): R$ 2,50 por informação.

No final da viagem, o cidadão que arrematou na bacia das almas por R$ 99,00 a passagem, marcou o assento com antecedência (R$ 5,00), espirrou três vezes (R$ 7,00), fez um xixi básico (R$ 1,50), abriu a janelinha por todo o tempo (R$ 20,00), pediu informações quatro vezes (R$ 10,00), bebeu uma coca gelada (R$ 4,00), comeu um pão com salame (R$ 3,00) e uma barrinha de cereal (R$ 2,20) pagaria R$ 151,70 no total. Isso, hipoteticamente, por um trecho, digamos, BH – Foz do Iguaçu.

Pensando bem, mesmo com todos esses extras, a maioria dos quais – por enquanto – só existem na minha imaginação, está muito barato. Mesmo se o avião já tiver sido da Vasp. Mais uma conquista da era Lula. Boa viagem, companheiros!


P.S.: Acostumemo-nos com a ideia do pão com salame a bordo. É só uma questão de tempo...

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