

O certo é que, por um salário mínimo, ou até menos, já se compra um bilhete de ida e volta, por exemplo, de Belo Horizonte para a minha querida Fortaleza. Até por metade disso, conforme a sorte, pode-se ir e voltar a/de Porto Alegre, Campo Grande, Navegantes, Salvador ou Foz do Iguaçu – todas cidades afastadas com força dos limites de Minas Gerais.
Mas nem tudo são flores. Se a pobraiada dispensamos o busão e chegamos ao céu, está sendo com bastante penitência: aviões de assentos muito apertados (conseguem socar até 148 num 737-300), serviço de bordo pago à parte e cobrança até para marcar a poltrona. Tiraram inclusive o bonezinho da aeromoça pra economizar.
Se continuar assim, podem começar a cobrar, além do lanche, por outras coisas a bordo. Já fico imaginando o sujeito recebendo a tabelinha ao entrar na aeronave:
- coca-cola – quente: R$ 1,00; gelada: R$ 4,00;
- cerveja – quente: cortesia; gelada: R$ 5,00;
- batata Ruffles: R$ 4,50;
- pão com salame: R$ 3,00;
- amendoim (saquinho com 50 unidades): R$ 3,50;
- chocolate Batom: R$ 1,00;
- barra de cereal: R$ 2,20;
- espirro ou tosse: R$ 3,00 o(a) primeiro(a) e R$ 2,00 a partir do(a) segundo(a);
- banheiro – número 1: R$ 1,50; número 2: R$ 4,00; outros números, incluindo Juca e ventuosidades: a combinar;
- abridinha de janelinha: R$ 0,25 por minuto ou R$ 20,00 por todo o tempo do voo;
- informações a bordo prestadas por aeromoças ou comissários (todas as espécies possíveis e imagináveis e independentemente da resposta, incluindo “vai demorar?”; “que horas são?”; “vai continuar balançando assim?”; “posso conhecer a cabine?”, “você não tem nem um tiquinho de medo?” ou “esse avião já foi da Vasp?”): R$ 2,50 por informação.
No final da viagem, o cidadão que arrematou na bacia das almas por R$ 99,00 a passagem, marcou o assento com antecedência (R$ 5,00), espirrou três vezes (R$ 7,00), fez um xixi básico (R$ 1,50), abriu a janelinha por todo o tempo (R$ 20,00), pediu informações quatro vezes (R$ 10,00), bebeu uma coca gelada (R$ 4,00), comeu um pão com salame (R$ 3,00) e uma barrinha de cereal (R$ 2,20) pagaria R$ 151,70 no total. Isso, hipoteticamente, por um trecho, digamos, BH – Foz do Iguaçu.
Pensando bem, mesmo com todos esses extras, a maioria dos quais – por enquanto – só existem na minha imaginação, está muito barato. Mesmo se o avião já tiver sido da Vasp. Mais uma conquista da era Lula. Boa viagem, companheiros!
P.S.: Acostumemo-nos com a ideia do pão com salame a bordo. É só uma questão de tempo...
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