Pesquisar neste blog

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

Tradução/Translation

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Viagem sentimental

Meu mundo hoje é pequeno, simbolizado por um globinho dentro de um cubo em acrílico transparente com que Mônica Ribeiro me presenteou. Talvez há uns dez anos. Um mimo. Estrela de minha mesa de trabalho.

No entanto, já tive muita vontade de ir a todos os cantos, visitar os sete mares, conhecer outras e muitas culturas, sempre pensando num trecho daquela música de Djavan:

“Vou andar, vou voar, pra ver o mundo. Nem que eu bebesse o mar, encheria o que eu tenho de fundo.

Essa é uma citação recorrente em meus textos. Hoje são grande parte do meu universo. O compositor alagoano sintetiza, com arte e um quê de filosofia, meu espírito curioso, herdado por Giovanna. Trata, também, de minha sede de algo mais, de meu coração vagabundo, que – de maneira nada original – quer guardar o mundo em mim.

Se alguém supõe, aqui, “vagabundo” como defeito, é porque nunca ouviu a música. A outra. Caetano Veloso. O próprio Aurélio traz uma acepção assim: “que vagueia”. É o meu caso.

Assim, vivo sempre nas nuvens, ao lado de Guilherme Arantes, dos sonhadores, das crianças com quem passei a conviver mais e dos grandes com um parafuso a menos. E não adianta trazer qualquer parafuso para que eu volte ao normal. A grande maioria não encaixa.

Achei, na literatura, uma maneira de conversar comigo mesmo. Em voz alta. Algumas pessoas me ouvem. Até me compreendem. Um dia gostaria de presenteá-las com um décimo da profundidade de um Borges, uma pitada da genialidade de um Chico, uma lasquinha das belíssimas inquietações de Pessoa.

Por falar nele, pode ser que falte somente uma coisa para a completitude de meu mundo de pouquíssimas capitais: a visão, in loco, da Lisboa carregada de história, regada das lágrimas épicas a fazer, outrora, o mar salgado. A Lisboa das músicas belíssimas do Madredeus. A Lisboa sequer marcada no meu globinho. A Lisboa presente em minha alma montanhesa, hospedada do lado de cá da terra.

Vamos ao mestre dos versos lusitanos:

“... Viajar assim é viagem,

Mas faço-o sem ter de meu

Mais que o sonho da passagem.

O resto é só terra e céu.”

Obrigado, Mônica, por trazer a pequena vastidão do mundo – tão bem definida por Carlos Drummond – para perto de mim:

“O mundo é grande e cabe

nesta janela sobre o mar.

O mar é grande e cabe

na cama e no colchão de amar.

O amor é grande e cabe

no breve espaço de beijar.”

Cabe, também, na palma da minha mão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário