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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Junhos

Junho é o terceiro melhor mês do ano. Depois de abril. E depois de setembro. Essa classificação está sujeita, obviamente, a contestações – que, de antemão, contesto. Pelo menos por ora.

Em junho me vejo de novo um menino de seis para sete anos, o último da fila na escola, considerado inteligente por já saber ler com certa fluência. Hoje muitos de quatro ou cinco já leem, prova de que eu era apenas esforçado. Não deixava as letras passarem diante de mim sem uma degustação.

Naquele junho, o da transição de menino pequeno para menino mais ou menos, meu grande desafio foi convencer Gláucia (só revista trinta anos depois e autorreapresentada como a menina da quadrilha) a dançar comigo na festa junina, apesar de o retrato atestar: eu não era de se jogar fora. A professora sorteou os casais, e ela acabou resignando-se com meus passos errantes, minha altitude acima da média masculina e minha vermelhitude, como diria Gilberto Gil, ao me aproximar de uma garota. O brilho dos olhos era inegável.

Dos junhos também me lembro dos meus aniversários, em que quase tudo não corria da maneira desejada por mim. Se eu comprava uma caixinha de bombinhas buscapé para soltar, por exemplo, algum espertinho a achava: só me sobravam duas ou três como prêmio de consolação. Houve outros episódios, de lembranças pálidas, a me fazer classificar como apenas sofríveis grande parte de minha festas de criança e de adolescente.

Isso apesar das canjicas, dos salgados, dos doces, dos enfeites e do amor de minha mãe. Ela fazia tudo para que a noite “bombasse”, mesmo sendo um evento de pobre e independentemente das bombinhas.

Dos junhos também me lembro das Copas do Mundo e do começo de meu primeiro e complicado namoro. Da geladeira experimentada, de madrugada, ao relento na beira do Rio São João, divisa de Pitangui e Conceição do Pará, no então rancho dos saudosos tios Ivo e Cota.

Talvez alguns imaginem que minha intenção fosse, malgré tout, colocar os junhos no primeiro lugar do ranking. Minha história não deixou. Os das últimas décadas, porém, têm sido bem simpáticos, quase apagando o que não foi bom e ainda teima em ser memória.

Quanto a este, em especial, espero de volta as canjicas, os bons papos, caldos e vinhos, os textos que andam sumidos. E ainda o friozinho romântico da velha Belo Horizonte, co-autora de meus junhos bons e maus. Acredito, assim, a médio prazo, na mudança de minha teimosa classificação inicial.

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