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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

As meninas



“Silêncio, por favor
Enquanto esqueço um pouco a dor no peito
Não diga nada sobre meus defeitos
E não me lembro mais quem me deixou assim

Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços

Só este amor, assim descontraído
Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito”
(Paulinho da Viola)

Marina chegou numa noite de inverno, há pouco mais de uma década, tamanho P, amassada, amarela, assustada com o mundo.

Sonhada desde 1984, Marina demorou doze anos para se tornar realidade. Chamei-a de Marina da Graça, pois é um favor imerecido de Deus para colorir, iluminar e preencher o meu mundo.

Seu primeiro nome colou em mim desde que li Angústia, de Graciliano Ramos. Tornou-se ainda mais cotado quando descobri que era quase universal, existindo Marinas na América, na Espanha, na Rússia, na Itália e em outras bandas.

Além disso, significa do mar – e quer coisa mais bonita? Estava especialmente encantadora na época de seus três anos, quando lhe fiz estes versos:

Do mar, do amor, de Minas,
De Deus, da Graça, Marina.
Tempo pouco, alegria tanta
Que se quer partilhar.

Marina, como não poderia deixar de ser, adora água, piscina, praia, chuva e esguichada de mangueira. Se vivesse no meu tempo de criança, adoraria também andar na enxurrada.

Fico imaginando seu futuro. Será jornalista? Será atleta? Será professora? Será artista? Será feliz?

Tenho outra menina, Giovanna, nascida há cerca de oito anos. Ao contrário de Nina, Gigi não me conquistou totalmente à primeira vista. O amor por ela cresceu aos poucos, nos meses em que nos instalamos no apartamento em construção que ela veio decorar.

Giovanna veio mais morena, marronzinha, realizando outro de meus sonhos, de ter um pacotinho com uma pitada de África.

Nasceu bonita, coisa rara de acontecer. Que me desculpem os corujas, mas recém-nascido bonito, nas primeiras horas, é como cabeça de bacalhau – difícil de ser ver. O nome foi a mãe que escolheu – e teve bom gosto. Forte, sonoro, italiano, significa, para mim, minha Joaninha.

Giovanna já fez um ano andando com desenvoltura por todo lado, subindo em tudo que encontra pela frente, agitando bem mais que a irmã. Parece que vai ser muito esperta, espero que no bom sentido da palavra.

O que vai ser quando crescer mais? Arquiteta, veterinária, psicóloga, escritora, realizada?

Ah! Minhas meninas, mineiras, crescentes ainda, morenas, ainda minhas. E quando não forem mais minhas, coisa que nunca deveriam ter sido? Que não se julguem delas mesmas, sejam do Criador, da comunidade, do Brasil. Boas cidadãs, íntegras, simples, coração sensível, tementes a Deus, solidárias, úteis, amáveis, simpáticas.

Minhas meninas, enquanto o futuro não vem, dormiam tranquilas enquanto eu tecia este texto. Talvez de vez em quando sonhem com o que querem que o pai se torne.

(2007)

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