Pesquisar neste blog

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

Tradução/Translation

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Texto doido de professor

(Hoje – ou melhor, ontem, pois já é madrugada – um aluno me xingou de doido. Xingou ou diagnosticou, sei lá. A escola realmente desperta vocações. Não me exasperei. Deixei pra lá. Poderiam ser palavrões. Coitado... Mas já que estou mesmo tachado, com esse adjetivo até light, não é que tive um insight pra cometer esta estripulia:)


A prosa encontrou a poesia. E nasceu um texto em prosa e verso. Um texto transverso, oblíquo, atravessado. Um texto meio de banda, meio de lado. Um texto meio preguiçoso.

Mas, contraditoriamente, um texto presunçoso. Que queria mudar o mundo. Revolucionaria a literatura. Despertaria, ainda que tarde, o gosto pela leitura. Acabaria com o drama dos professores de português.

E o texto se fez. Assim, sem pé nem cabeça. Porém – eu já disse em outros cantos –, disso texto não precisa. Texto é pra ser gostado, é pra ser gozado, é pra ser sério, é pra emocionar, é pra ser prazer. Texto é pra gostar de ler. E pode até ter rimas, por que não?

Vejam, então, o que fazem estas linhas. Pobrezinhas, elas lançam na praça mais um escriba. De passado nebuloso, de futuro incerto. Elas são de autoria de um certo... anônimo. O contrário de uma celebridade.

Isso é uma anonimidade. Mas o sujeito tem nome, tem até homônimo, tem até predicado. Se bobear, ele pede pra classificar uma oração subordinada substantiva. É o cara certo no lugar errado. Quem diria que já foi bancário no tempo da inflação?

Parêntese:

Saibam os mais novos que este país já foi uma confusão. Como canta a Beth Carvalho, a gente tinha que levar um saco cheio de dinheiro pra comprar um quilo de feijão.

Fecha parêntese.

Voltemos ao texto. E chega de blá-blá-blá. Este é um encontro da prosa e da poesia. Não pode demorar demais, feito um bom poema. Não pode ser curtíssimo, feito o outro tipo.

E alguém pode me dizer onde foram parar as rimas? Voltemos com esse bendito enfeite. Que texto tem que ser belo, tem que ser leve, tem que ser doce deleite.

Ah! Já sei: tem que ter final feliz. Que nem um filme. Que nem novela. Que nem seriado da Globo. Que nem aquele sujeito bobo, que fica só rindo.

Tem que ser lindo. Que nem o Alain Delon. Se você olhar no meu dicionário doidão, verá que significa: "Sabe o Ronaldinho Gaúcho? É o contrário; é – como se dizia no passado – um pão. Um pão francês". Talvez. Mas homem não acha homem bonito. Olha que negócio esquisito. Tem um ou outro que é metrossexual: está acima do bem e do mal. Mas não é meu tipo.

Meu tipo é o gênero feminino. Tal qual a prosa, que nem a poesia. Que se separarão – mais dia, menos dia – depois do encontro nestes escritos malucos. Pelos quais (tendo você gostado ou não), já vou me escusando, já peço perdão. Não serão obra-prima. Apenas obra rara. O mais certo é que vão pro ralo. Que sejam condenados à morte. Sem alarde. Já vão tarde. Não mereciam outra sorte. Jogue no lixo, jogue. No lixo cibernético. Sujeito a restauração. São só uns rabiscos de blog. Como é que um cidadão viaja na maionese assim? Ainda bem que texto tem fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário