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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Isabela e as meninas viajadas


Há alguns anos, ainda muito nova, quase criança, Isabela foi à Malásia. E a Cingapura. Do outro lado do mundo, longe e antes de seus pais, lá estava ela com um grupo de dança gospel, com a família a quinze mil quilômetros de saudade.

Eu sei: é preciso trocar, assim que possível, essa foto lusitana por outra da Ásia, de preferência nas Petronas Towers, e ilustrar à altura o feito da menina. Ou, talvez, apenas incluir a outra, pois essa é a “mioquetateno”. Tem gente no Orkut que a carimbou de "capa de revista". Jonas tem bom gosto.

De fato, a geração sucessora da minha está indo mais longe. Marina, há treze anos somente um pacotinho saindo do Mater Dei, também partiu, neste final de férias, para conhecer sítios fora da América antes de mim: Lisboa, adjacências e um pedaço da Espanha. Carol igualmente.

Cá, socado neste computador, espero mais fotos de Marina, agora perto de Isabela e Ana Clara, outra viajadíssima. Espero que elas – e Carol – não estejam indo longe somente na Geografia: a parte de sua geração com os elevados valores que receberam deverá alçar voos mais altos, também, em relação à tolerância entre as pessoas; ao cuidado com o planeta; à educação para a cidadania; à construção de um país digno (e não apenas desenvolvido); à alegria de viver; e, sobretudo, ao conhecimento de Deus.

Eu e meus contemporâneos fomos vítimas de um país sem moeda, sem projeto, sem futuro e sem ética; de uma tentativa de recrutamento para a peleja entre protestantes, católicos e neopentecostais pelo monopólio da Verdade; de um tempo de pais e filhos habitando mundos diferentes. Fomos vítimas, ainda, de um arremedo de religião, com a espiritualidade medida por aquilo que as pessoas
não fazem. Temos um pouco de culpa logo quando a felicidade ameaça chegar.

Lucubrações à parte, conto os dias pra ouvir Marina e Carol, juntamente com Raquel, contar do Velho Mundo, da nação do sonho que nos deu à luz. Dos dias poucos em terras tão diminutas. Grandes estas o bastante, no entanto, para caber os antigos donos de meio mundo. Escancara-se-lhes agora o mar sem fim, cruel com as noivas por casar, com os filhos a rezar em vão e com as mães em pranto. Mar salgado com as lágrimas dos abandonados naquela aventura planetária, segundo Pessoa.

Isabela e Ana Clara, por sua vez, demoram mais a voltar. Só quando entenderem 100% da fala, com aquela pressa toda, dos jovens portugueses. E só depois de conhecerem os encantos de outros cantos da Europa. Não devem ter pressa alguma. Estou a esperar.

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