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Fui promovido a escritor de quinta, quinta colocação em minha rua, mas também escrevo às quartas, terças etc.

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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Herói fora do desenho animado

Arrisco dizer que, num jornal, 99% das notícias são fatalidades. Morte, corrupção, assalto, tragédia, violência e mais morte. Num desenho animado, isso seria impossível. Como assim, impossível? Ninguém morre, ninguém trai, ninguém sai da linha? Sim, porque se isso acontece, onde estariam os heróis? Eles aparecem no clímax da situação e não tardam a botar tudo nos eixos. Voam, tem codinomes e algum dom sobrenatural.

Voltando ao triste mudo real, onde as coisas ruins não são impedidas, onde estão nossos heróis? O que eles estão fazendo agora, enquanto milhões de pessoas morrem, são roubadas e perdem a fé?

Infelizmente, não existem heróis como os da telinha, que têm visão raio-X, super-força ou algo de especial e sobrenatural em relação a nós, meros mortais. Mas, exatamente como nos desenhos, no mundo em que vivemos existem as pessoas más (essas tais que promovem a corrupção, a violência, tráfico de drogas, etc.). É mais fácil percebê-las do que olhar em volta e enxergar quem são as pessoas boas, aqueles que merecem o título de heróis.

Sendo assim, esses nossos heróis são como nós mesmos. A diferença é sutil, quase imperceptível. Um herói é aquele que ganha um salário mínimo, talvez até menos, para trabalhar debaixo de sol ardente recolhendo o lixo produzido por nós e correr com aquelas sacolas cheias atrás do caminhão o dia inteiro. Como se não bastasse, ainda é nomeado “cheiroso” pelo próprio bobalhão que produziu aquela sujeira toda. Muitos de nós não aguentaria isso.

Com trabalhos pequenos, que quase ninguém dá valor, um herói faz uma diferença enorme. Sem eles, não haveria ordem. Mas quem pensa nisso? Infelizmente, essas tão poucas pessoas não podem nos livrar das tais fatalidades expostas no jornal, mas com pequenos atos, podem salvar vidas e transformar o mundo. Com um passo de cada vez.

Outro exemplo de herói é aquela pessoa que doa a vida em benefício do próximo, faz doações, trabalho voluntário, é médico. Um herói doa seu sangue e, desse modo, deixa uma parte do seu heroísmo infindável para fazê-lo crescer em outras pessoas. Um herói distribui sorrisos e não vê dia ruim. É forte, tem capacidade de ajudar o próximo mesmo quando ele mesmo precisa de ajuda e de ver o que há de melhor no mundo. Eles estão em outro nível, muito superior ao nosso, e agraciam aos outros na mesma medida – e até mais – do que foram agraciados.

Poderia ficar aqui e acabar com as páginas do meu caderno citando cada tipo de herói, mas ainda não consegui, com meras palavras, definir seres tão grandes. Ao invés disso, prefiro apenas dizer que herói é um mortal, como qualquer outro, mas cujas atitudes tornam-se imortalizadas.

Cabe ainda dizer que o herói é aquele que nos serve de exemplo e inspiração (assim como o Batman, para um garoto de 10 anos). São pessoas que estão perto de nós. Talvez nossos pais, nosso irmão, um vizinho, um amigo, conhecido ou até alguém que queríamos que fosse mais próximo de nós, mas não é.

Quando paramos para pensar, é fácil ver quem são essas pessoas de verdade. E que, com certeza, elas existem. Esses heróis, agora, estão fazendo muito com o pouco que têm. Afinal de contas, nossos heróis não perdem em nada para os do desenho animado.

(Marina da Graça Vieira Fonseca)

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