Já comecei muitíssimas coisas sem levá-las a cabo, o que dizem ser mal dos nascidos sob o signo de gêmeos. No entanto, nunca acreditei em horóscopo. Nessa descrença, aliás, mantenho uma incrível estabilidade.
A instabilidade, inclusive a minha, talvez possa ser controlada por algum medicamento. Conquanto deva haver mais efeitos colaterais que benefícios. Por essas e outras, mesmo correndo o risco de ser listado entre as pessoas com “pobrema”, prefiro ser imprevisível a ter uma rotina aprisionadora: tudo sempre igual.
Porém, não chego a ser muito estranho, título daquela música do Dalto do começo dos anos 80. Da qual, aliás, gosto muito, principalmente do trecho que diz “deixa essa noite saber que um dia foi pouco”. Cuidem bem de mim.
Por sinal, minhas noites já sabem que um dia é pouco. Nelas vou tentando retirar mais algumas horas desse conjunto de apenas vinte e quatro. Instável e notívago.
Suponho que, embora o destino me tenha levado a escritórios, repartições públicas e salas de aula, eu possua um quê de artista. Quero tudo ao mesmo tempo agora. Ou não.
Sou instável. Como era meu coração de menino e de adolescente, cada dia apaixonado por uma. Às vezes nem era possível saber direito de quem era o dia.
Consolo-me com o fato de que, apesar de tudo, sou um sonhador há quase meio século. Moro há treze anos no mesmo lugar, sou professor há dezesseis, escritor há doze, casado há vinte com a mesma mulher. Mantenho, tristemente, minhas adiposidades por longas primaveras e torço pelo Cruzeiro desde que seu futebol brilhou para o mundo.
Mais: tenho o mesmo Adidas que o Eduardo me trouxe de Miami há seis anos, já cheguei a ficar com um carro por quase três... Instável, notívago e contraditório. Agora instado a acordar às seis da madrugada. Boa sorte pra mim!
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